segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Continho triste

O mundo sempre foi perfeito para ela.
Tinha tudo o que queria: dois cachorros, uma casa amarela, um quintal com vários tipos de flores e tinha aquele que chegava todas as noites e dava-lhe um beijo. Ele sempre trazia-lhe presentes, mal sabia que ele próprio era o maior presente que ela tinha. Era feliz. Imensamente feliz. Sabia disso.
O que ela não sabia é que nada dura para sempre, felicidade muito menos. Um dia, ele não veio e ela esperou. Mas ele não veio nem esse dia e nem o outro, e nem o outro e nem o outro. Ele não mais apareceu. Então, ela se deu conta que nunca havia agradecido por tudo que tinha e descobriu, naquele tempo, o que deveria ter sido feito, mas agora já era tarde...
Seu mundo antes cor-de-rosa, agora não tinha mais cor. Ela não sabia mais como continuar, como viver... faltava-lhe vontade de respirar.... Algumas vezes buscava em todos os cantos da alma algo que pudesse lhe servir como consolo, algo que lhe desafiasse a existir, que lhe desse coragem para seguir. Mas ela nunca encontrou. Nem a alma e nem a coragem.
De repente, começou a murchar assim como as flores de seu jardim. Os animais não reconhecendo a dona, partiram. A aliança bamboleava devido a magreza de seu dedo, estava larga como se nunca tivesse a pertencido. Como um anel de outra que não ela... Olhava-se no espelho raramente, mas não reconhecendo aquele ser som sombrio refletido, parou de olhar-se. Pelo menos no exterior.
Olhava para dentro apenas, dias e noites, e resolveu que em sua mente era muito mais agradável viver. Descobriu que em sua mente, ela ainda era a mesma. Possuía ainda a sua casa amarela bem cuidada, o seu jardim e o seu amado. E assim viveu até o último dia, voltada para dentro, como se nada existisse além da sua imaginação. Não comia, não cuidava-se, não vivia, sonhava. Sonhava e imaginava tudo como antes. E assim ficou por semanas... definhando na penumbra do quarto.
Até que um dia, não mais abriu os olhos. Literalmente. Esquálido, seu corpo foi encontrado abraçado a um travesseiro, encolhido em sua cama, como se dormisse sobre o peito de alguém.
A vizinhança olhava a cena e benzia-se. Muitos diziam que ela desejava a morte mais que a vida... Trataram então de encomendar logo a pobre alma a Deus e pediam que em algum lugar ela pudesse ser feliz novamente...

5 comentários:

Anônimo disse...

esse texto é lindo *---*



Rafaela Schmitz

Anônimo disse...

aiin.. ;/. que triste cara. meu deus, desanimei. hehe, mas é lindo mesmo.

Elem disse...

Qualquer semelhança é mera coincidência... rs

Anônimo disse...

tsc tsc.. explique-se melhor.

eliza rebello disse...

que triste :((( mas adoorei!