domingo, 18 de agosto de 2013

Autobiográfico

E aí quando você vê, você fez de novo. E de novo. E de novo. E no dia seguinte é sempre a mesma sensação de que não devia ter feito. Você pensa e repensa no quanto ele erra e no quanto você não consegue resistir aos seus encantos. Passa uma semana inteira jurando nunca mais permitir que ele brinque assim e te use assim e te conquiste assim, mas não adianta, basta ele chegar perto, te abraçar daquele jeito apertado e sussurrar algumas palavrinhas bonitas no seu ouvido que você já está entregue. Mesmo quando o seu (sub)consciente grita e berra: NÃO, ELE NÃO TE MERECE! FUJA AGORA!! AINDA DÁ TEMPO!! E no dia seguinte você acorda com aquele gosto de cabo de guarda-chuva ou com aquele gosto amargo de desilusão. Passou mais uma noite, mais uma vitória dele. Mais uma derrota sua no último minuto do segundo tempo. E ele? Ele que se acha tão especial e tão bonzão e tão perfeito, e acredite, ele está bem longe disso, ri da sua facilidade e da sua vulnerabilidade. Aliás, ele nem ri, porque no dia seguinte, ele nem lembra que você existe. 
E aí você se irrita e xinga e chora e escreve textos e promete que nunca mais fará de novo. Mas lá no fundo você sabe que fará de novo sim. Você sabe que duas semanas passarão e, olha, lá estará você de novo, na mesma situação, rindo, para depois de algumas horas estar com o guarda-chuva enterrado na goela. Sabe o que é isso? Falta de vergonha na cara. E as suas amigas todas falam, os seus amigos todos falam: "você vai se foder. E se foder por um cara que não te acrescenta nada, nem uma gota". E você sabe que vai. Você sabe que já está mais do que fodida. E sabe que ainda vai se foder mais porque você tem gosto pelo sofrimento. Sabe-se Deus o porquê disso.
E quer saber? Você nem precisa dele. Ele precisa de você. E todo mundo te diz isso e você sabe disso. Ele precisa de você e não o contrário. Ele é o doido. Tá, você também é... mas ele é mais. Sabe quantos carinhas te chamam pra sair e te cantam e te olham e te mandam mensagens e te pedem em namoro? E você aí, noiada, travada, mesmo tendo consciência do quanto você realmente não precisa dele e do quanto ele realmente precisa de você, mas... sei lá o que acontece.  Quem sabe, o feitiço tenha mesmo virado contra o feiticeiro. Vai entender...