sábado, 12 de fevereiro de 2011

Medidas Desiguais

O problema do amor é que quando ele acaba, nunca acaba para ambas as partes simultaneamente.

Você ainda tem várias coisas a serem ditas e sabe que ninguém mais quer ouvi-las. Você ensaia todas as frases que gostaria de falar pra ele, pensa em encadernar todos os textos tolos que você escreveu e enviá-los via Sedex para o ser amado, pensa em ir até o dito cujo chorar, gritar, espernear e tentar convencê-lo de que o seu amor é o suficiente para os dois. Sim, você ainda tem muito a dizer, mas a realidade é que ele não quer mais ouvir. E mesmo se ouvisse, num recado deixado na secretária eletrônica, por exemplo, ele não daria a importância devida.

E você se pergunta para onde pode ter ido todo aquele amor que ele dizia sentir. Sumiu? Acabou? Como sumiu? Como acabou? Que raio de sentimento é esse, o amor, que ao invés de existir a dois, insiste em ser unilateral? Por que ele sempre surge quase que concomitantemente, mas, na hora de ir embora, ele só se vai da vida de um dos envolvidos? Se isso é o tal do sentimento nobre, não quero nem pensar em como são os “não-nobres”...

A medida dele acabou. E você, que ainda tem a sua bem cheia, de repente, se agarra a desculpas que te confortam: diz que é carma de outra vida, diz que é um tempo, mas que voltarão e terão um happy end, diz que ele te ama, mas que algo sério deve ter acontecido... Coisa nenhuma. Se ele não está contigo é porque a parte dele acabou, a porção mágica de amor que havia nele terminou antes, bem antes, que a sua. Quer saber? Não é carma, não é história de filme, não é a mãe dele: ele não te ama mais e pronto. Aceite isso e viva com a sua dor, sonhe com a sua dor, sofra com a sua dor, chore com a sua dor. Já dizia a Marisa Monte “a dor é minha e de mais ninguém”... Sim, a dor é sua. Unicamente sua.

Quer saber o que eu acho? Acho que o amor é um egoísta que ri de nossas caras. Ele ri quando resolve brincar de “não quero mais” e vai embora deixando que alguém se ferre sozinho, deixando alguma pobre criatura se perguntando o que fazer com aquela bosta de sentimento gigante que ainda existe dentro dela... Ele ri. O amor ri, o outro ri, o mundo ri. E vc? Você chora, sofre, pragueja e deseja que o mundo inteiro pague por aquela dor que você não suporta mais sentir... E além de tudo, ainda tem as malditas palavras, aquelas que você sonha dizer ao outro todos os dias, mas sabe que elas simplesmente minguarão em sua garganta, secarão e serão engolidas uma a uma à força porque ninguém, ninguém quer saber. O outro não quer saber. E dói saber disso. Dói saber que o seu choro é em vão, dói saber que ele nem pensa mais em você, dói saber que ele continua vivendo como-se-nada-tivesse-acontecido. Dói e dói pra caralho. Até que um dia você se acostuma à dor e até passa a achar que ela será sua companheira eterna... e talvez até venha a ser mesmo.

E você segue, ou tenta seguir, ou finge seguir, ou finge tentar, sonhando e desejando ardentemente despejar em cima do outro, daquele que te abandonou, todas aquelas promessas de séculos atrás: “você prometeu me amar eternamente! Seja homem e cumpra sua promessa!!” Não importa se você encontrá-lo hoje ou daqui a 20 anos, você ainda assim quererá esbravejar tudo o que foi engolido goela abaixo por você... Mas não, ele não cumprirá nada... não há nenhum contrato que o obrigue a amá-la eternamente.... O amor sumiu, acabou, fugiu, foi pra PQP... E ninguém jamais poderá explicar o porquê disso...

Ele não te ama mais, ele não vai voltar, você não vai dizer nada, ele não vai ouvi-la e nem muito menos se convencer. O amor dele acabou e o seu não. O que fazer? Reaprenda a viver... ninguém sabe quanto tempo isso dura, o dele acabou, mas e o seu? Ainda poderá perdurar por mto tempo ou não.... se vc tiver sorte, a sua parte pode fugir assim de uma hora para outra também. Reaprenda a viver. Reaprenda a viver sem ele. Reaprenda a viver com você e encare a realidade: o amor, depois de morto, não renasce. É assim com todo mundo: medidas desiguais. Essa é a grande realidade... medidas desiguais.