quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Ilusão

E eu de repente me dei conta de que você não é um ser imaginário, tipo aqueles amigos invisíveis que as crianças têm e com quem elas mantêm contato por um tempo e que, de repente, sem avisar, as abandonam. A diferença é que com os amigos imaginários nós nos conformamos com o sumiço porque no fundo sabemos que nunca foi real.
Assim, sem mais nem menos, eu percebi - ou lembrei, sei lá - que você não é apenas fruto da minha imaginação ou algo que eu desejei tanto que se tornou concreto em minha mente. Não, você é mais que isso. Você é lembrança. E lembrança a gente só tem de algo que realmente existiu, de algo que realmente aconteceu.
Estava deitada, mais uma vez, pensando no quanto eu gostaria que você estivesse aqui comigo. E então, a sua presença invadiu o meu quarto, uma lembrança latente de você aqui dentro:  na cama, no quarto, no banho, na varanda. Em cima de mim. Quase pude tocar o seu corpo novamente, quase pude passar a mão pelos seus cabelos finos que eu tanto gosto(ava), quase pude acariciar sua tatuagem, a das costas, aquela que eu ficava olhando nos raros momentos em que você se virava de costas para mim. Não, eu não imaginei tudo isso. Aconteceu. Foi real. E como num transe, eu te vi, te lembrei, te toquei, te senti. De novo e tão vivo, tão concreto como costumava ser. E doeu. Doeu saber que você existe, continua existindo, mas não mais aqui comigo. Não mais fisicamente. E doeu mais ainda perceber que tudo já foi real e agora não é mais. E que agora você só existe dentro da minha cabeça tonta, desnorteada e perturbada. E eu que nunca tinha me dado conta disso, hoje me dei. E mais do que nunca senti saudade. Uma saudade tão imensa e tão dolorida e tão profunda que me tirou o sono... E me deixou aqui com a sua presença, inebriada e caótica, como não deveria ser.