segunda-feira, 23 de março de 2009

Balzac

Quando eu era mais nova, não costumava reparar nas mulheres de 30. Na verdade, sempre achei "30" uma idade muito enigmática, era como se o auge, na minha cabeça de menina, fosse os 18. Logo, 30 anos não existia.
Estou com 29 anos. Farei 30 em poucos meses e sinceramente hoje vejo uma beleza nesta idade que nunca vi antes em idade nenhuma. Nem mesmo nos 15.
Fico pensando no quanto acho a mulher de 30 muito mais bonita: mais bem resolvida, mais bem cuidada, mais bem vestida, mais atraente. Há uma beleza diferente nos traços e até mesmo nas rugas ao redor dos olhos e nos vincos que começam a se formar no rosto.
E o engraçado é que observando o mundo que gira, percebo que é geral. Luana Piovani, Letícia Spiller, Ana Lice (professora de MTM lá da escola): todas mulheres lindas que irradiam beleza, mas uma beleza natural. Uma beleza que não está mais associada à sexualidade. É uma beleza que vem de dentro. Puramente. Talvez seja a estabilidade emocional que cause esse efeito, ou talvez a segurança de quem já descobriu que não é preciso mais agradar ninguém. O grande lance é sentir-se bem consigo e passar isso para as pessoas...
Estava para escrever algo sobre isso há algum tempo e hoje saiu. Porque é assim que me sinto nesse momento. Passada a crise – vivenciada no ano passado, um pouco antes do prazo - sinto-me agora preparada para entrar no hall das balzaquianas. E olha, posso garantir uma coisa para vocês: o meu cabelo hoje está muito mais bonito! rs
Parabéns a todas que chegaram aos 30 lindas e poderosas!

Mudanças

Conversas são sempre produtivas. Eu gosto de conversar. Gosto de falar sobre as coisas que me incomodam. E gosto que falem comigo também.
Sim, a nossa conversa foi muito esclarecedora. Mais uma vez você me convenceu a continuar do seu lado, mesmo tendo feito coisas erradas. Seja lá qual for o preço, escolhi mais uma vez permitir a sua presença na minha vida.
Você me pede para mudar e eu, que sempre fui consciente do meu estilo de vida, parei e pensei se realmente devo aceitar a mudança. Você citou várias coisas, vários exemplos do meu jeito "louco" e "desequilibrado" de ser. Me provou por A + B que estava certo e que eu ando realmente extrapolando com você. Acho que você tem razão e achei o nosso trato aceitável. A proposta foi boa. Eu posso ceder um pouco se você também ceder. Sendo assim, espero ficarmos no mesmo nível. Igualdade.
E aí, me pego pensando em todas as minhas falas anteriores sobre mudar por alguém. Nunca acreditei muito nesse tipo de mudança porque isso me lembra máscaras e eu não gosto de máscaras... Mas para não cair em contradição com tudo o que já foi dito, gostaria de lembrar que sempre deixei muito claro o quanto sou submissa... E acho que nesse momento é a minha submissão que está justificando o meu raciocínio. Isso sem contar o sentimento, claro.
Sei, amigos vão questionar o meu novo estilinho Sandy de ser. Aliás, ontem já ouvi questionamentos. Mas hoje - só posso responder por hoje, vivo um dia de cada vez - resolvi tentar. Se para estar ao seu lado preciso provar que tenho limites, eu aceito o desafio.
E obrigada por ter dado o primeiro passo junto comigo.
A... você.

sábado, 21 de março de 2009

Arquivos e memórias

Numa conversa com uma amiga, eis que surge a pergunta: “Elem, você já teve vontade de apagar a sua memória como no filme Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças ?” Sim, amiga, já tive essa vontade. Milhares de vezes. Centenas de milhares de vezes. E é sobre isso que escreverei hoje.

Muitas vezes pensei nisso, muitas vezes quis apagar minha memória, o período entre 2003-2006 então, meu Deus... todos os dias... sempre pensava nisso... Até que um dia parei para analisar e percebi que na verdade eu queria jogar fora três anos da minha vida por causa de uma única pessoa. E descobri que não, ninguém tem esse poder, ninguém pode ser mais importante do que os anos da minha (ou da sua) existência.

Pra ser sincera, eu também não confio muito quando dizem que o tempo apaga tudo. Apaga nada. Continua tudo lá, igualzinho. A diferença é que coisas novas vão se amontoando por cima e o que se queria apagar acaba ficando escondido por trás das novas informações, objetos e etc. Armários novos são colocados na frente dos velhos e isso faz com que esqueçamos os que estavam lá anteriormente. Mas se você procurar, vai achar. Tudo. Todos os arquivos ainda estarão por lá. Empoeirados e terrivelmente iguais. Por isso, resolvi que eu não precisava deletar tantos dias, o que eu tinha que fazer era colocar novos armários até que os antigos sumissem. Pelo menos do meu campo de visão. Se deu certo ? Depois de 6 anos tentando entulhar coisas por cima, acho que sim. Mas olha... foi um árduo trabalho.

Hoje em dia não desejo mais apagar nada. Sei que com o tempo, tudo cai no esquecimento. O meu único questionamento é o tempo que demoro para abandonar um projeto ou uma pessoa. Não necessariamente nessa ordem. Confesso que às vezes tenho vontade de apagar algumas coisas, alguns arquivos defeituosos, algumas dores e talvez algumas alegrias também... Sinto um desejo incontrolável de apagar sons de risos e choros, apagar vexames e brigas bobocas. Mas sei lá.. apagar anos inteiros.. não sei, acho que seria demais. Muita coisa seria jogada fora... E o “demais” peca pelo excesso...

Um amigo disse: “somente pessoas sem graça e sem emoção não têm nada pra se arrepender ou pra se orgulhar”... É, acho que é por aí mesmo... Apagar coisas ? Todo mundo já teve essa vontade na vida. Isso não é difícil de encontrar. Seria simples se fosse assim: não gostei, deleto. Difícil mesmo é conseguirmos, apesar de tudo, não apagar e convivermos bem com a lembrança dentro de nós. Afinal, temos que pensar na velha filosofia da comida que cai no chão: o que não mata, engorda.

Sendo assim, engordemos todos e vivamos felizes com nossos arquivos até chegar o dia que inventarão uma máquina como a do filme... Até lá, a gente vai colocando armários mesmo... rs
Que assim seja.

Beijos a todos!

sábado, 14 de março de 2009

Laços de fita

Não tenho o costume de olhar orkut alheio, mas hoje entrei na página de um aluno e vi que ele está namorando. Quer dizer, está lá no status como "solteiro", mas tem um monte de fotos da menina e vários "te amo" espalhados pela página. Não tenho filhos, mas estranhamente tive uma sensação que deve ser parecida com a que as mães sentem quando veem seus filhos crescerem... Pensei: "ele está virando um homem".

Comecei dar aulas para este menino quando ele estava na sétima série e agora ele está no primeiro ano... Lembro-me de quando ainda o chamavam de "BV" na sala, era apenas um menininho de olhar curioso e muito, muito dedicado. Agora ele está lá, todo apaixonado, beijando na boca com direito a foto e tudo. Pensei: "nossa, ele está crescendo". Deu uma saudade, um saudosismo... um monte de boas lembranças ressurgiu. Não só dele, claro, mas de toda aquela turma.

Como minha profissão é engraçada. Passei tanto tempo ao lado desse e de tantos outros meninos e meninas que sinto às vezes como se eles fossem meus filhos realmente. E aí, olhar as fotos do profile fez cair a ficha de que eles se vão... E talvez nunca se lembrem da professora de português que tiveram no ensino fundamental... Será ? Quem sabe...

Passo 200 dias por ano ao lado dessas criaturinhas... Forma-se uma relação de amor tão grande que é difícil desvincular depois. Alguns dizem que isso é errado, que não devemos criar laços tão fortes com os alunos. Muitos me criticam, inclusive. Mas é que eu acredito muito no ensino pelo amor. Acredito muito mesmo. E deve ser por isso que me envolvo tanto com eles. Para mim, a única coisa ruim dessa relação é a saudade que sinto deles quando se vão. Mas, c'est la vie.

Este ano ganhei 300 novos alunos porque mudei de escola. Tenho sentido muita falta dos meus alunos antigos. Muita mesmo. O estranhamento inicial sempre é normal, mas sei que aos poucos as coisas vão se ajeitando. Tenho fé nisso. Quanto aos meus ex-alunos, procuro pensar que cumpri o meu dever. Se eles conseguem hoje voar mais alto, com certeza contaram com uma ajudinha... E que bom saber que pude cooperar com isso. Ter essa consciência me acalma o coração.

Que novos anos venham, que os novos alunos também. E principalmente, que novos laços sejam feitos. Sempre. E para os que já se foram: voem alto. Estarei sempre acenando para vocês...

Amém.

quinta-feira, 5 de março de 2009

P.S.: EU TE AMO

E eu continuo odiando o seu abraço quentinho.
E odeio ainda mais este perfume que fica grudado em mim cada vez que você me abraça.
.
.
.
.
Definitivamente, EU ODEIO VOCÊ !

Odeio não saber lidar com essa bosta de sentimento.
Odeio gostar de ti mais do que tudo.
Odeio não poder ter você.

ODEIO, ODEIO, ODEIO.

Tenho medo de confessar o sentimento real. Por isso prefiro dizer o contrário. Você sabe que é o contrário. Eu te... odeio. É isso. Tem que ser isso. Eu preciso me convencer que é isso...

Por que ninguém entende ?


"Mas eu odeio principalmente
Não conseguir te odiar
Nem um pouco
Nem mesmo por um segundo
Nem mesmo só por te odiar"

segunda-feira, 2 de março de 2009

Respeito

Não, você não precisa compartilhar da mesma opinião que eu, mas precisa E DEVE respeitar a forma como eu penso. Eu acho que esse tem sido um dos maiores desafios do ser humano hoje em dia. Vivemos em um mundo tão individualista e tão egocêntrico que tornou-se praticamente impossível respeitar a opinião do outro. Como assim ? Explico.

Ninguém precisa pensar igual a mim, isso é fato. Mas isso não dá o direito a ninguém de desrespeitar o que eu acho ou faço. Claro que às vezes metemos os pés pelas mãos e acabamos nos intrometendo onde não fomos chamados simplesmente porque nos preocupamos com o ser em questão. Porém, digo uma coisa: há algum tempo aprendi que devemos deixar as pessoas livres. É preciso saber ouvir, estar junto, e principalmente, é preciso saber ir até onde nos permitem. Ultrapassar esse limite é arriscado. Por demais. Há uma linha muito tênue entre o ser "amigo" e o ser "intrometido". E eu, particularmente, não gosto de arriscar nesse ponto. Digo uma coisa: se não consegues te segurar, meu bem, nem comece. Diga simplesmente que preferes não falar sobre o assunto em questão. E ponto.

Eu costumo ouvir muitas pessoas. Sou boa para ouvir e péssima para dar conselhos. Fico nervosa quando alguém pede minha opinião sobre algo. Mas sei ouvir. Pelo menos muitas pessoas me procuram para simplesmente falar. Todo mundo sabe que não sei o que dizer, mas parece que elas precisam apenas soltar tudo o que está preso. Aí, fico ouvindo/lendo e observando. Várias vezes discordo do que estou ouvindo, mas entre perder o amigo e calar, escolho a segunda opção. Aprendi isso com uma amiga. Ela sempre me dizia: Eu discordo de você, mas respeito a sua decisão.

(Não to dizendo que devemos ser omissos. Por favor, não me interpretem mal. Perceba bem... A questão é "discordo sim, mas respeito". É só isso.)

Falar isso não te torna menos amigo de ninguém, não te torna (mais) irresponsável e nem muito menos (mais) permissivo, como alguns preferem chamar. Falar isso te torna um ouvinte que deixou claro a sua posição, apesar de não compartilhar a escolha do outro. Ao meu ver, isso diz: "Sou seu amigo e por isso mesmo estarei contigo. Independente daquilo que você decidir." Eu penso assim. Sei que tem pessoas que pensam exatamente o contrário, mas fazer o quê...

E são essas pessoas que me acham permissiva. Acham que passo a mão na cabeça das pessoas e que acabo perdoando coisas imperdoáveis. Aí eu me pergunto: oras, quem sou eu pra julgar alguém ? Se queres fazer, meu dever como amiga é alertar e não jogar pedra ou crucificar. Meu dever como amiga é dizer: "não concordo, mas estarei contigo para o que precisar." E é isso. Será que quando eu aponto o dedo para alguém, realmente não tenho nenhuma mácula escondida ? Duvido...

E por que esse texto agora ? Não sei ao certo. Simplesmente parei aqui na frente do computador e ele saiu. Admito que passei por situações desse tipo recentemente, mas juro que não foi por isso que escrevi - pelo menos não conscientemente. O que importa é que mais uma vez deixo o meu recado aqui. E espero que tenha valido a pena.


Um brinde a uma amiga muito especial que sempre está comigo. Aquela que me diz "sabes minha opinião, mas se queres realmente isso, conte comigo."


domingo, 1 de março de 2009

Sobre a distração

Se você fica olhando o leite, ele não ferve nunca. Essa é a moral da história.

Você está meia hora olhando a bendita leiteira no fogo e nada acontece. O leite continua lá, paradão, na dele. Daí você se irrita e sai de perto. Puff! O leite ferve. Bastou você desviar o olhar por um segundo para o leite subir e sujar todo o seu fogão.

Esta é uma cena que realmente acontece, mas também pode ser usada como metáfora. O que quero dizer é que sempre que nos distraímos, a coisa acontece. Você espera ele ligar o dia todo. A semana toda. E ele simplesmente não liga e você desiste de esperar. Quando você se desliga, o telefone toca. E adivinha ? É ele. Outro exemplo: você deseja porque deseja encontrar alguém e nada... Quando você cansa de procurar e relaxa, pronto: a pessoa aparece, tranquila e por acaso no meio da rua. Vai dizer que não é assim ?

Sempre penso nisso e confesso que às vezes eu tento parecer distraída pra ver se as coisas acontecem mais rapidamente. Mas a força que faz o leite ferver apenas quando há a distração é esperta demais. Ela não se deixa enganar... ela sabe quando estamos fingindo e quando realmente estamos distraídos. É batata. E acreditem: o leite só ferve quando estamos realmente descansando o olho. Não adianta fingir.

Já passei por essa experiência por diversas vezes. E o que posso dizer sobre isso ? A sensação de ser pega de surpresa é muito mais gostosa do que a sensação de sair tudo como no script. Voltando ao exemplo número um: sim, é uma delícia ficar esperando aquela ligação e recebê-la. Mas vai dizer que não é muito mais gostoso receber quando você menos espera ? Eu acho muito bom. Você está lá, pensando no nada, de repente o telefone toca. Você pega sem grande interesse e quando olha o FULANO'S CALLING... Aahh!! Tudo de bom, moças e moços. Só de pensar, já sinto o frio na barriga! rs

Pra finalizar então: sim, a surpresa é sempre muito bem-vinda. E por isso mesmo, acho que devemos ficar mais distraídos, olhando mais vezes para dentro, pensando mais vezes na morte da bezerra... Lembrei de uma coisa que minha mãe sempre me dizia e eu vou compartilhar com vocês. Todas as vezes que eu perdia algo e ficava desesperada procurando, lá vinha a mamãe Bia com a frase pronta: "pare de procurar que você acha"... É, acho que ela tinha razão... (Por que as mães sempre têm razão ?) Quando a gente não está tão focado, a coisa acontece. Afinal, os olhos devem estar descansados para enxergar algo. Cansados, nada veem...

Sendo assim e tendo dito isso, acho que vou ali me distrair um pouco... Porque definitivamente eu estou precisando encontrar váááárias coisas... rsrsrsrs

Um grande abraço e até a próxima semana!