sábado, 31 de janeiro de 2009

Em paz

Pensei que o meu dia hoje seria diferente, mas olha que coisa interessante: ele não foi.

Acordei, decidi que não queria viajar. Arrumei minha bolsinha amarela e rumei em direção à praia. Passei o dia olhando o mar, tomando água de coco, sentindo a brisa e pegando uma corzinha no corpitcho.

Fiquei lá pensando na maravilha que é morar em Floripa e na saudade, que às vezes sinto, de morar em Niterói. Eu juro que pensei que depois da minha madrugada surpreendente, fosse passar o dia de hoje analisando tudo o que ouvi ontem. Mas nem lembrei. Precisava tanto de um tempo para mim.. Como eu não estava percebendo isso ?

Fiquei lá olhando tudo e não vendo nada, com a cabeça vazia, vazia... relaxada... Mp3 no ouvido, musiquinha rolando.... não pensei em nada realmente. Só deixei a mente livre... E sabe que foi a melhor coisa que fiz nos últimos meses ? Fazia tempo que não me sentia tão bem e tão em paz.

Experimente, tenho certeza que você vai gostar.... Fique uns minutos em silêncio diante do mar: aprecie as ondas, ouça o barulho, sinta o cheiro, toque na água... não há nada igual no mundo. Garanto. E meu Deus, como eu precisava disso hoje... E como foi bom...

Sinto até uma vontade de dizer: Obrigada, Deus. Obrigada...

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Mulheres. Modernas ?

Olha a situação: estava eu em casa, zapeando, quando um determinado programa me chamou a atenção. Parei para ver do que se tratava. Beleza, o programa era sobre mulheres e feminilidade. Massa. Vou assistir.
Pois bem. Primeira cena: uma grande área verde e umas cidadãs vestidas com asas de anjo, usando maquiagem semelhante a deusas antigas e pingos e pedras no meio da testa. O que elas estão fazendo ? Conquistando os homens. Pelo menos é isso que elas dizem. Segundo a mocinha com asas de anjo e maquiagem pesada, elas estão naquele lugar mágico “se energizando” e aprendendo a ser mais “femininas” e assim conquistar os homens que desejam. Ahn ?
Pois é. E o programa continuou. Maquiagem, ponto G, orgasmo feminino, botox, blá blá blá... E o auge da coisa: injeções de colágeno “lá”. Isso mesmo. A mulherada está correndo atrás dos consultórios médicos para injetar colágeno no ponto G para aumentar o prazer e assim proporcionar maior prazer aos seus parceiros. Quê ? Pior que isso, acho que só a cirurgia para se tornar virgem novamente... E olha que o que tem de gente fazendo... rs Piadinhas à parte, fiquei chocada.
Todos esses truques aí servem para tornar as mulheres mais atraentes e viris para o sexo oposto. Only this. Fiquei pensando: eu, no meu momento egoísta, achava que para satisfazer o outro, o melhor era me satisfazer também. Acho que me expressei mal, mas vou tentar explicar. Sabe quando você se sente tão bem que você acaba passando isso por outro ? Então, mais ou menos por aí. Mas pelo visto, a coisa não anda muito por esse caminho. Descobri, pelo programa, que preciso me enfiar no meio do mato, usar uma maquiagem à la Cleópatra, vestir um corpete que aperta os meus peitos, abraçar minhas companheiras e como se não bastasse ainda tenho que injetar colágeno no meu ponto G – que aliás, ninguém explicou nem os benefícios e nem as conseqüências desse ato. Meu Deus, deve ser por isso que estou solteira! rs
Enfim.
Não me entendam mal. Claro que acho legal ser feminina. Estar arrumada, perfumada, penteada, macia... Acho muito bacana tudo isso... Mas olha, penso que a mulherada está extrapolando um pouquinho o limite da coisa. Que tal ficarmos bem para nós mesmas e assim atrair os outros ? Saca aquele lance das borboletas ? Então, mais ou menos isso...
Fiquei meio impressionada com todas as coisas que vi. Eu não sei que tipo de sociedade é essa em que vivo, não vejo homens fazendo essas coisas pra agradar às mulheres e também não sei se isso seria o certo. Aliás, eu tenho dúvidas sobre o que é certo e errado hoje em dia. Mas em todo caso, cheguei a mais uma conclusão: ou eu virei um ser assexuado realmente ou o mundo surtou de vez.
Injeções de colágeno... fala sério.

domingo, 18 de janeiro de 2009

Leis da Física: atração

Porque sabemos o que deve ser feito, mas não conseguimos fazer

Ontem conversávamos sobre isso, sobre como é fácil aconselhar mas como é difícil seguir os próprios conselhos ou pior ainda, os conselhos alheios.
Você sabe que ele não presta, sabe que não é a pessoa certa, sabe tudo isso e mais um pouco mas simplesmente não consegue dizer não.

O telefone toca e já era: o coração dispara, as mãos ficam molhadas, o sistema nervoso se altera. Você sabe que ele é bobo, imaturo, prepotente, todo errado, charmoso, cavalheiro, engraçado, carinhoso... estou elogiando ? Não!! Ele não presta. Tenho que focar isso!

Então, voltando ao telefone... Aí ele liga. Você quer morrer, mas não pode morrer porque finalmente ele está ao telefone, você ouve a voz, sorri e já imagina tudo... o sorriso, a boca, os dentes... ai, como ele tem dentes lindos... Será que eu já falei isso pra ele ? Provavelmente não. Ai, meu Deus, volta pro texto, Elem!

E além disso ainda acontece um outro fenômeno: a paralisação. Você se sente meio tola, meio "tonta". Cadê as palavras ? Cadê as reações ? Nada... tudo sumiu em questão de segundos... só por causa do som da voz. Conversam, conversam, conversam. Desligam e você pensa "idiota, por que não falei isso pra ele ?” ou ainda "idiota, por que falei isso pra ele?" Sabe aquela sensação de que sempre se faz o errado ? Sim, eu devo ter quinze anos mesmo. Ou pelo menos volto a ter quando falo com ele. Quando estou com ele. Quando o beijo.... ai ai... quando o beijo então...

Aí eu escrevo isso aqui e depois terei que ouvir do resto do mundo: ele não te merece. E não deve merecer mesmo. Até ele já me disse “Por que você gosta de mim ? Você não me merece”. E é verdade... Realmente ele não merece. Mas o que fazer se é tão difícil dizer não quando o coração diz sim?

Mas voltando ao início da conversa: não adianta. você sabe o certo mas insiste em fazer o errado. É por querer ? Claro que não... você não tem culpa se ele tem esse poder magnético que retira suas ações - ui, me lembrei do Magneto do X-Men ou será que me lembrei das leis da Física ?? Hum... acho que prefiro a física... rs

As pessoas julgam, criticam e apontam dedo, mas que atire a primeira pedra quem nunca passou por isso. Quando se está apaixonada, não se enxerga muita coisa. Apenas aquilo que se quer ver, ou quando se consegue enxergar um pouquinho além, não consegue pôr em prática o que viu. Eu pelo menos não conheço muitas pessoas que conseguem. E isso não apenas quando se está apaixonada. Quando se gosta é assim. Não importa o nível do gostar, se é que isso existe.

Sim, você sabe que é a coisa certa deixá-lo partir, sabe que a coisa certa é não atender, sabe que a coisa certa é não tentar ser amiguinha de alguém de quem se gosta tanto. Saberes, saberes... de que vale tanta razão quando o que se está em jogo é o coração ? Que frase mais eca, nossa... Eu me impressiono comigo... Mas é verdade. Conselhos são bons. Devem ser pelo menos. Ouvi-los é tranquilo. Difícil é segui-los. Sim, porque segui-los, meu bem, isso já uma outra história...

Escritores da Liberdade

Acredito que é necessário haver paixão em tudo o que se faz. E que eu penso assim vocês já sabem. Acabo de assistir ao filme "Escritores da Liberdade". Muitas pessoas já tinham me recomendado este filme, mas só tive oportunidade de assisti-lo hoje. Numa tarde em que eu resolvi ficar em casa, sem fazer nada.

Pra quem não conhece, é a história de uma professora que começa a lecionar em uma escola "barra pesada" dos EUA e que resolve mudar a vida de seus alunos através de suas aulas. Meio clichê, eu sei. Existem vários filmes com essa temática, eu sei disso também. Mas este, como alguns outros, me tocou por se tratar de uma história verídica. Gosto dessas histórias, servem para mim como alerta e como inspiração.

A professora era louca, surtada. A mulher trabalhava em três empregos pra conseguir grana pra comprar livros e bancar os passeios com a turma, já que a escola não disponibilizava dinheiro para alunos considerados "incapazes". E o que a levava a isso ? Paixão. Paixão pelo que fazia. Lembrei-me dos meus milhões de casos de sala de aula. Chorei.

Esta semana eu conversava com um aluno do segundo ano, pelo msn, e no final da conversa, ele me disse assim: "Sabe por que eu gosto de ti ? Porque tu te importas comigo." E neste dia eu estava mal, triste. E quando eu li essa frase, pensei: "meu Deus, vale a pena. Isso sim vale a pena." E agradeci a Deus por ter a oportunidade de vivenciar essas coisas. Respondi "Claro que me importo! Gosto muito de ti!" Mas ele nem sabe o quanto me fez bem...

Sei que é chavão, é clichê, é tudo que você quiser. Mas existem coisas que não podem ser pagas. Existem pessoas que são dádivas. E existem ainda os dons. Mas vendo o filme, fiquei pensando em muitas situações que eu já vivi... lembrei-me daquele aluno que me disse "Prof, depois da nossa conversa, estou há duas semanas sem fumar". Lembrei daquele outro que apareceu com um caderninho embaixo do braço numa aula que nem era dele e disse "Prof, você pode me ensinar a escrever ?" - detalhe, ele estava na quinta série. Lembrei da menina que veio me contar da gravidez precoce, da outra que veio falar que queria ir ao ginecologista mas tinha medo da mãe, do outro que me disse que não queria mais estudar porque era burro, e lembrei de um monte de rostinhos... de vários tipos e tamanhos e com tantas histórias de vida... Mas lembrei também daquela turma que me disse quando entrei na sala: "vamos ter aula de leitura hoje de novo ??" Felizes porque até então, eles nunca tinham tido uma aula de leitura, lembrei do menino que veio com um livrinho nas mãos "Professora, peguei na biblioteca, você pode ler comigo ?" , lembrei de uma ligação que recebi nas minhas férias, do outro lado era uma vozinha tímida: "Professora Elaine, obrigada por ter me ajudado. Passei de ano" (aula particular), lembrei da turma que me olhou com lágrimas nos olhos quando eu disse que estava indo embora "Professora, fica com a gente, por favor."

Sei que para muitos eu sou apenas uma professora chata de português que aparece na sala e pede as coisas mais insuportáveis do mundo, mas sei também que para alguns, eu não sou (ou fui) apenas isso. Outro texto sobre alunos ? Não... esse é um texto sobre ensinamentos. Sei também que para alguns professores sou uma louca que não devo ter o que fazer quando enfio 30 crianças dentro de um ônibus coletivo para levá-los ao teatro por minha conta e risco. E tem também aqueles que me acham uma louca que trabalha por diversão apenas... Mal sabem que trabalho por paixão e por crença.

Acredito numa educação melhor, em pessoas melhores capazes de atitudes melhores. Cometo um monte de erros... eu sei disso e admito. Sei que ainda não faço nem um terço do que eu deveria fazer. Mas eu juro que tento. Tento mostrar o quanto vocês são bons e o quanto eu acredito em vocês. E eu juro, o dia que eu deixar de acreditar nos meus alunos, eu troco de profissão. Como me manter em algo que não acredito ? E oro todos os dias para que essa chama continue para sempre, ou pelo menos que dure enquanto eu estiver em sala de aula.

Penso na educação como algo muito além do quadro e giz. Muito além mesmo. É muito mais do que verbos e advérbios e isso eu já falei no outro texto, por isso não vou repetir. Quero educação humanitária também.

Bom, já me estendi demasiadamente. Espero ter passado a mensagem certa. Vejam o filme, é instigador. E acreditem nas pessoas... elas às vezes podem nos surpreender para o bem também.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Esperas

Como substantivo, não como verbo.

O significado da espera é muito relativo. Sim, consciente e/ou inconscientemente estou esperando coisas. Aguardando datas, respostas, definições e resoluções. Esperando pelos dias 26, 30, 02, 06 e mais alguns outros... Pra cada dia, um objetivo diferente.

O fato de dizer que estou vivendo a espera desses dias não quer dizer que estou enclausurada em uma sala riscando os quadrinhos de um calendário. Até porque fazer isso significaria matar o tempo presente e viver em função de um futuro que nem sei se me trará coisas boas.

E além disso, tem uma outra questão: querer que o dia 02 chegue, por exemplo, é ao mesmo tempo querer que minhas férias terminem. Desejar a definição do dia 26 (ou 27) é dar minha cara a tapa mais uma vez e correr o risco de sofrer. Again.

Mas como um ser introspectivo que estou essa semana, fiquei pensando nessas coisas. Será que às vezes a gente cansa de lutar e se deixa levar ? Imaginem um mar. Um barquinho à deriva. Um homem dentro. Em algum momento esse homem vai se cansar de remar à toa, relaxar e deixar a coisa correr, a maré vai levá-lo para algum lugar. Tem que levar... Porque nada fica parado no mesmo ponto...

Sei que isso vai de encontro aos meus últimos textos, mas de domingo pra cá estive pensando muito em algumas situações da minha vida e cheguei à conclusão que existem algumas coisas que simplesmente não estão ao alcance das minhas mãos. E por isso mesmo, não adianta eu me debater, gastar energia em vão.

Estou assim, ao gosto das ondas. Posso ouvir o barulho e sentir o cheiro do mar. Talvez, a minha única participação nesse momento seja manter-me viva até o dia do desfecho... manter-me viva até a maré me deixar em algum lugar seguro. E só.

Talvez eu tenha entendido que pensar e especular sobre assuntos vindouros não vai mudar a solução final, não vai mudar o rumo da prosa. Ou ainda pior, pode alterar mas não de forma definitiva. Alterar a rota poderia fazer com que não desse certo. Mais uma vez.

E eu juro, dessa vez quero resultados reais, não apenas maquiagem...

domingo, 11 de janeiro de 2009

Feelings II

Vou iniciar o texto com uma frase estranha: algumas pessoas parecem personagens da Clarice Lispector. Pra quem acompanha a obra desta senhora tida como umas das maiores escritoras brasileiras, sabe do que eu estou falando.

Eu particularmente não sou fã dela. Li três livros e mais uma penca de pequenos textos (contos ou crônicas, não sei ao certo). Além disso, na época da faculdade fui obrigada a fazer vários trabalhos sobre ela e coisa e tal... Todo mundo queria me convencer a gostar do que a tal Clarice Lispector escrevia. Mas não, ninguém conseguiu me convencer. Nem ela mesma. Como gostar de personagens que após ter uma epifania voltavam ao mesmo ponto, ao ponto de partida ? Pra mim, não rola.

Além de não gostar da quantidade de metáforas que ela utiliza em suas obras, eu não gosto das personagens criadas por ela. Como entender alguém que descobre um mundo novo, muito mais excitante e resolve voltar pro mundo antigo e sem graça ? Aquele mesmo mundinho que reclamava antes da manifestação ? Não sei, não sei.

Bom, o que quero dizer é que tem um monte de gente assim. Que mesmo após ter uma "visão" de algo novo, estremece e paralisa, preferindo a segurança daquilo que já é conhecido. Mesmo que isso acarrete permanecer na mesma vidinha de sempre. Eu não sei o que é pior: não tentar ou tentar, visualizar, temer e voltar. Acho que eu realmente tenho problemas.

As pessoas têm medo, é isso ? Droga! Medo ?? Eu não admito o medo... Nada pode ser pior do que permanecer no ostracismo de uma vida medíocre. Pra que experimentar novas coisas se não vai ter coragem de mudar ? Sentir o gosto da vida e decidir que a segurança de um casamento sem amor ou um emprego que não te satisfaz é mais importante do que a sua felicidade ? Realmente isso não é pra mim...

As pessoas permanecem em namoros sem amor, em casamentos sem tesão, em empregos sem motivação, em um monte de coisas porque temem o "não conseguir algo melhor". Como saber se será melhor se você não tentar ? Como saber se existe vida lá fora se não se permite abrir a janela e sentir a brisa fresca no rosto ?

Eu sei, você vai dizer: C'est la vie, Elem. Mas isso me indigna. Assim é a vida ? Um amontoado de coisas que vão acontecendo, acontecendo sem que possamos alterar, ou pelo menos controlar o que entra ou sai ? Quando se vê, a vida passou. E você ? Viveu fazendo o que não queria, com quem não queria. Vamos brincar assim: se hoje fosse o seu último dia e Deus permitisse que você visse toda a sua vida. O que você veria ? Estaria feliz com o que viu ? Se a sua resposta foi positiva, ótimo. Mas se não for, cuidado... você corre um grande risco de estar desperdiçando seu bem mais precioso.

Eu posso ser louca de pensar assim, posso ser uma imatura que ainda acredita nessas coisas. Mas eu sou fiel às minhas crenças. E esta é uma delas. Não quero uma vida nova a cada dia, pessoas novas a cada esquina. Quero amor, tesão, gosto. Em tudo. Inclusive, e principalmente, nas coisas que já estão comigo. Reinventar, reciclar. E se não der mais, paciência. Vamos tentar então ? Recicle suas idéias, seus amores, suas atitudes. Viva a vida com dignidade (ou seria intensidade ?). Diga não ao dias mornos.... Faça valer a pena. Todos os dias. E que assim seja. Amém.

sábado, 10 de janeiro de 2009

Feelings

Não é pra ninguém específico, só para contar uma história.

Há alguns anos, eu resolvi mudar de vida.
Não que não estivesse satisfeita com a vida que até então eu levava, mas é que depois de algum tempo fazendo as mesmas coisas, eu sempre costumo enjoar e perder o foco. Meus olhos começam a buscar novos horizontes e novas luzes.
Não sei, sinceramente, porque sou assim. Às vezes penso que seria muito mais fácil ter uma vidinha simples e regrada como todo mundo. Juro que às vezes eu penso isso. Mas não sou assim. Não sei o que Deus colocou em mim que me fez não ser assim, passiva. Ou pacífica, como preferir.
A questão é, resolvi mudar de vida quando achei que o que eu tinha não valia mais a pena. E foi aí, que do dia pra noite, eu resolvi vir pra Floripa, passar 20 dias. E durante esses vinte dias, eu li um livro chamado "Tudo ou nada" do Roberto Shinyashiki. O problema era que o autor concordava com todas as minhas idéias loucas. Resultado: esses vinte dias estão durando até hoje.
Lembro que voltei pro Rio num domingo frio, cheguei no aeroporto, olhei pros meus pais e disse: “eu não quero mais morar aqui.” Na terça-feira seguinte pedi demissão da empresa em que trabalhava e voltei pra Floripa. De mala e cuia. Sem emprego, sem casa e sem trabalho. A única coisa que eu tinha era confiança. Confiança que tudo ia se ajeitar. Como se ajeitou, graças a Deus. E tem se ajeitado até hoje.
Este é só um exemplo dos muitos que tenho vivido. Saídas de empregos, de relacionamentos, de moradias, de pessoas. Eu não sei porque sou assim, e às vezes, me pergunto qual preço eu pago por isso.
Claro que às vezes eu tenho vontade de me prender, “de criar raízes”, como me dizem. Mas olha... confesso que às vezes tenho medo das raízes. Medo de me machucar. Medo de criá-las e depois não ter mais quem cuide. Medo de me prender a algo que realmente não valha a pena. Me entendem ?
Também não sei pq eu estou falando sobre isso... Talvez por eu ter reencontrado o livro aqui na minha estante. Fiquei olhando para todos os meus títulos e pensando no que cada um desses livros me ensinou. E então, ao passar os olhos pelo "Tudo ou Nada" voltei ao ano de 2006, àquele inverno de 2006 que eu tinha que dormir com a cara no aquecedor para não morrer de frio (afinal, era uma carioca saindo do inverno de 30 graus do Rio de Janeiro direto para o inverno do sul do país – não foi fácil... rs).
Enfim. Tenho lido várias coisas a respeito disso, sobre liberdade em todos os sentidos, e sempre que leio fico pensando se eu deveria realmente ler esse tipo de literatura. De repente, chegando na casa dos 30, eu devesse começar a ler artigos e crônicas sobre vida doméstica, casamento e maternidade. Mas será que se eu fizesse isso, esta ainda seria eu ?

domingo, 4 de janeiro de 2009

Manter vivas as borboletas

"eh difícil se apaixonar tão rápido" - By Julio

E no meio de um papo, que nem era cabeça, surgiu a frase: "eh difícil se apaixonar tão rápido". As palavras caíram na minha mente e percorreram rapidamente o meu corpo... Como a tequila que você tem que beber em um só gole pra fazer efeito imediato, do mesmo jeito caíram as palavras nos meus olhos (a conversa era via msn).

Quanto tempo leva-se pra se apaixonar ? Um dia, dois ? Três encontros, quatro ? Cinco noites ? Não sei... E de repente "ouvir" essa frase de um homem me fez pensar mais uma vez em como eu gostaria de ser um ser racional e não um ser passional como sou. Eu me apaixono rápido. Tão rápido quanto uma adolescente. Não tenho tempo pré-determinado, prazos, nada. Posso me apaixonar por alguém no primeiro dia. Ou então, não me apaixonar nunca, por mais que eu tente.
Já estive nos dois extremos, acredite.

Paixão não tem tempo: tem cheiro, química, pele, olho, boca. Gosto principalmente. Gosto de querer estar junto, de querer o outro, de querer o corpo do outro. E isso não tem tempo... Pode ser no primeiro segundo, no primeiro olhar. Sabe aquele primeiro olhar ? Então... esse aí mesmo. E no primeiro arrepio, a sentença está decretada: você está apaixonada.

Penso que não é difícil se apaixonar tão rápido. Difícil é manter a paixão... Manter vivas as borboletas que começam a povoar nossa barriga. Isso eu acho difícil. Penso ainda que para se apaixonar não se depende do outro, mas para manter sim. Depende-se do quanto aquele outro vai alimentar. Concordam ? Eu penso assim pelo menos. Dependemos do quanto o outro vai cuidar, atender, disponibilizar, doar. Vários verbos poderiam ser empregados aqui, mas não quero focar o outro. Quero focar a frase inicial.

Acho estar apaixonada uma delícia. De verdade. Tirando, claro, a insegurança, o medo e a ansiedade, acho tudo de bom. Querer alguém, desejar, sonhar. Delícia. Talvez por isso me apaixone tantas vezes. Porém, desapaixono com a mesma rapidez... Basta a coisa fugir do meu alcance. Se você não alimenta as borboletas, elas morrem. É assim que funciona. “É especial na mesma medida que deixa de ser”, como já disse uma amiga. Proporção. Essa é a medida certa.

Pra finalizar então:

Tempo ? Isso não existe. Já dizia Einstein, na teoria da relatividade, que o tempo é relativo. Vou fazer uso disso em um último pensamento: já perceberam como às vezes dois encontros parecem uma vida inteira ? E como uma vida inteira às vezes parece não passar de dois encontros ? Então... é disso que eu tô falando... Pensem nisso... É muito real...

E pra fechar com chave de ouro (ou de latão): "Que seja eterno enquanto dure" rs