quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Persuasão

E se você me perder de vez? E se você jogar fora tudo o que sinto por você? E se você me convencer de que eu não te quero de verdade? Já pensou?  Lamentarei a sua indecisão, a sua imaturidade, a sua falta de idade, a sua decisão errada – ou não. Lamentarei estarmos em ritmos tão diferentes. Lamentarei tantos momentos jogados fora, momentos que nem existiram, mas que eu sei que seriam bons. Ou ótimos. Ou péssimos. Mas nenhum deles existirá mesmo, portanto, nem importa. Se tudo isso acontecer, eu não vou te pedir pra voltar, não vou te implorar pra ficar, não vou te dizer nada, nem mesmo vou pedir um último beijo ou um último abraço. Eu nem mesmo vou chorar. Eu vou te respeitar. Vou deixar você me perder e me convencer de que eu não te quero. Vou deixar você ir e de longe vou pensar no quanto eu tenho certeza de que seria muito bom sermos “nós” ao invés de “eu” e “você” apenas. Vou deixar você me convencer porque nunca fui boa em lutas emocionais. Vou te ver ir embora e vou ficar quietinha, no melhor estilo “assim seja”, porque mesmo que eu tenha tantas certezas em meu coração, você terá me convencido de que eu não te quero de verdade, você terá me convencido de que você é só um capricho bobo de uma menina mimada. Vou te deixar ir, mesmo sabendo que no futuro você vai olhar pra trás e se arrepender, não por eu ser boa ou perfeita pra você, mas porque na minha imperfeição e no meu jeito torto, eu gosto tanto e tanto e tanto que você chega a duvidar que seja real. Se você me perder de vez, vou deixar você ir e direi apenas: você tem razão, eu não te quero. Mas sei que dentro de mim, estarei pensando: você não entende nada mesmo.  

domingo, 18 de agosto de 2013

Autobiográfico

E aí quando você vê, você fez de novo. E de novo. E de novo. E no dia seguinte é sempre a mesma sensação de que não devia ter feito. Você pensa e repensa no quanto ele erra e no quanto você não consegue resistir aos seus encantos. Passa uma semana inteira jurando nunca mais permitir que ele brinque assim e te use assim e te conquiste assim, mas não adianta, basta ele chegar perto, te abraçar daquele jeito apertado e sussurrar algumas palavrinhas bonitas no seu ouvido que você já está entregue. Mesmo quando o seu (sub)consciente grita e berra: NÃO, ELE NÃO TE MERECE! FUJA AGORA!! AINDA DÁ TEMPO!! E no dia seguinte você acorda com aquele gosto de cabo de guarda-chuva ou com aquele gosto amargo de desilusão. Passou mais uma noite, mais uma vitória dele. Mais uma derrota sua no último minuto do segundo tempo. E ele? Ele que se acha tão especial e tão bonzão e tão perfeito, e acredite, ele está bem longe disso, ri da sua facilidade e da sua vulnerabilidade. Aliás, ele nem ri, porque no dia seguinte, ele nem lembra que você existe. 
E aí você se irrita e xinga e chora e escreve textos e promete que nunca mais fará de novo. Mas lá no fundo você sabe que fará de novo sim. Você sabe que duas semanas passarão e, olha, lá estará você de novo, na mesma situação, rindo, para depois de algumas horas estar com o guarda-chuva enterrado na goela. Sabe o que é isso? Falta de vergonha na cara. E as suas amigas todas falam, os seus amigos todos falam: "você vai se foder. E se foder por um cara que não te acrescenta nada, nem uma gota". E você sabe que vai. Você sabe que já está mais do que fodida. E sabe que ainda vai se foder mais porque você tem gosto pelo sofrimento. Sabe-se Deus o porquê disso.
E quer saber? Você nem precisa dele. Ele precisa de você. E todo mundo te diz isso e você sabe disso. Ele precisa de você e não o contrário. Ele é o doido. Tá, você também é... mas ele é mais. Sabe quantos carinhas te chamam pra sair e te cantam e te olham e te mandam mensagens e te pedem em namoro? E você aí, noiada, travada, mesmo tendo consciência do quanto você realmente não precisa dele e do quanto ele realmente precisa de você, mas... sei lá o que acontece.  Quem sabe, o feitiço tenha mesmo virado contra o feiticeiro. Vai entender...

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Ilusão

E eu de repente me dei conta de que você não é um ser imaginário, tipo aqueles amigos invisíveis que as crianças têm e com quem elas mantêm contato por um tempo e que, de repente, sem avisar, as abandonam. A diferença é que com os amigos imaginários nós nos conformamos com o sumiço porque no fundo sabemos que nunca foi real.
Assim, sem mais nem menos, eu percebi - ou lembrei, sei lá - que você não é apenas fruto da minha imaginação ou algo que eu desejei tanto que se tornou concreto em minha mente. Não, você é mais que isso. Você é lembrança. E lembrança a gente só tem de algo que realmente existiu, de algo que realmente aconteceu.
Estava deitada, mais uma vez, pensando no quanto eu gostaria que você estivesse aqui comigo. E então, a sua presença invadiu o meu quarto, uma lembrança latente de você aqui dentro:  na cama, no quarto, no banho, na varanda. Em cima de mim. Quase pude tocar o seu corpo novamente, quase pude passar a mão pelos seus cabelos finos que eu tanto gosto(ava), quase pude acariciar sua tatuagem, a das costas, aquela que eu ficava olhando nos raros momentos em que você se virava de costas para mim. Não, eu não imaginei tudo isso. Aconteceu. Foi real. E como num transe, eu te vi, te lembrei, te toquei, te senti. De novo e tão vivo, tão concreto como costumava ser. E doeu. Doeu saber que você existe, continua existindo, mas não mais aqui comigo. Não mais fisicamente. E doeu mais ainda perceber que tudo já foi real e agora não é mais. E que agora você só existe dentro da minha cabeça tonta, desnorteada e perturbada. E eu que nunca tinha me dado conta disso, hoje me dei. E mais do que nunca senti saudade. Uma saudade tão imensa e tão dolorida e tão profunda que me tirou o sono... E me deixou aqui com a sua presença, inebriada e caótica, como não deveria ser.