segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Marcas, Obras e Heranças

Porque as pessoas têm o péssimo hábito de tirarem suas próprias conclusões e a partir delas, criam suas verdades absolutas e histórias quase reais... - Parece que não tem relação com o texto, mas tem...


Assisti a uma palestra hoje que me fez pensar em algumas coisas. O palestrante dizia algo sobre como deixamos a nossa marca no próximo. A pergunta principal era "Qual é a sua obra ?" Claro que ele não estava falando de obras civis e nem nada relacionado à engenharia. Tratava-se de obras, de heranças e de marcas impressas na alma: o que você vai deixar marcado no outro ? E no mundo em que você vive ? Pois é, a palestra era voltada para a educação, mas estou trazendo a pergunta para um outro ponto: qual a marca você está deixando nas pessoas que vivem ao seu redor ? E indo um pouco além, questiono: por que às vezes insistimos em ferir aqueles a quem amamos ? Qual a necessidade que temos de afastar as pessoas que nos amam ? Não sei, sinceramente. E deixo aqui um questionamento que não me sai da cabeça esta noite:

Por que insistimos em magoar as pessoas que nos amam ?

É difícil perceber que uma palavra mal colocada pode alterar todo o curso de uma relação ? Pare e pense com seus botões: quantas vezes você disse algo e depois se arrependeu ao perceber o estrago causado pelas suas palavras ? E agora pense mais um pouco: quantas vezes você disse algo que, mesmo não querendo, feriu de morte alguém ? E finalmente: qual foi a sua reação diante dessas situações ?

Pois é... eu, inúmeras vezes, machuquei pessoas com palavras. Em 95% dos casos, eu não tive a menor intenção. Falei e depois percebi o que tinha feito. Mas como já sei que tenho esse defeito, tento me policiar o máximo que posso, estou sempre cuidando com o jeito e com o que falo. Mas confesso que nem sempre consigo. Porém, quando percebo que alguém está de bico comigo, me coloco no lugar da pessoa e peço desculpas. E acredite, não é da boca pra fora. Peço desculpas de coração por ter falado demais. Ou de menos. Muitas vezes nem acho que aquilo feriu, mas se a pessoa está reclamando, mesmo assim eu vou até ela. Este é um exercício constante de humildade. E nem sempre é fácil.

Justamente por isso, gosto muito que as pessoas tenham a mesma atitude comigo. A diferença é que dificilmente guardo mágoa ou rancor por mais que três dias. Ou seja, quase sempre, a minha raiva passa sem que a pessoa tenha sequer percebido que me magoou. Fazer o quê... rs

Mas voltando às vacas frias. Qual a marca você está deixando nas pessoas ao seu redor ? Uma vez, há muitos anos, eu recebi um email que contava a história de um cavalinho e uma borboleta que eram muito amigos. Mas mesmo sendo amigos, o cavalinho dava patadas todos os dias na borboleta – por querer ou não. E ela sempre continuava ao seu lado porque o amava. Até que um dia, ela não resistiu e morreu. E só aí o cavalinho percebeu o quanto ele havia sido estúpido com ela durante todo aquele tempo e o quanto ele a amava também, mas aí, meu caro, já era tarde demais.

Tenho a impressão que às vezes fazemos questão de sermos como esse cavalo. E pra piorar, percebo que na grande maioria das vezes, a nossa falta de paciência, o nosso cansaço e o nosso esgotamento são sempre descarregados naquelas pessoas que são mais próximas. O extremo oposto do que deveria ser. Penso que devemos parar para analisar se isso não tem se tornado uma constante em nossas vidas porque em determinado momento, acredite, a borboleta vai cansar dos chutes, sucumbir e morrer. Ou então, pode até continuar viva, mas voará para longe. Para sempre.

De repente lembrei-me de várias historinhas lúdicas sobre isso: das marcas do prego na madeira, dos amassados na folha de papel, da sujeira no tecido branco... várias. Mas não vou descrevê-las aqui. Todos sabem e já entenderam a essência do que quero dizer. Por isso, cuide. Cuide de quem está perto, de quem se ama, de quem te ama. Geralmente, as pessoas que mais aturam são as que mais te querem bem. E por isso mesmo, serão aquelas que você mais sentirá falta no dia em que partirem.

Pense nisso e vigie. Vigie como você está tratando aqueles a sua volta. Cuide para que as marcas deixadas por você despertem no outro um sentimento gostoso de saudade, de saudosismo, de felicidade. E nunca o contrário disso. Que assim seja. E que eu consiga também pôr em prática isso que escrevi. Amém.

5 comentários:

Marcelo disse...

O ideal é mesmo deixarmos boas lembranças nas pessoas e termos boas lembranças delas.
Mas isso nem sempre é fácil exatamente por que as pessoas tem o hábito de tirar suas pr´´oprias conclusões sobre as coisas ou atos.
Eu acredito que nada é imutável, que ninguém é infalível e que devemos ter é paciência e compreensão com as pessoas.
Só assim poderemos esperar o mesmo dos outros.

Beijos meus

Unknown disse...

Há uma linha subjetiva, que não pode ser vista, mas pode ser de certa forma sentida, que é a linha do respeito.
Claro que colocar o teórico no prático não é uma tarefa fácil, mas no caminho evolutivo, nada melhor que a esperança como aliada.

Paz a todos!

Eu sou a Fabiana Carneiro, disse...

Nossa! Os teus textos estão crescendo muito em qualidade, amiga. Suas colocações estão cada vez mais pertinentes e amarras isso tudo com extrema facilidade. Parabéns, gata! bjin!

Marcia disse...

É, tirei umas duas horinhas pra ler o "Pra q mesmo?"... Brincadeira, o texto é longo mais vale a pena ler, flui facilmente. Qto ao que vc disse, acho melhor não me pronunciar em público, senão todas as borboletas vão voar, e aí cara, vou dar as patadas em quem?? (Que horror!)
Bj

Anônimo disse...

Madre Teresa de Calcutá diz "Nunca permitas que alguém venha a ti sem que se retire melhor e mais feliz"...ela tem tooooda razão. Mas ela, é ela...para nós pobres mortais nem sempre é fácil fazer isso!