quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Devaneios

Eu não sei se é por ser mulher ou se é por ser tola. Talvez, por ser os dois.
Eu sei, envergonho-me de dizer que não quero te desculpar.
Eu sei, perdemos tempo demais alimentando picuinhas quando na realidade deveríamos pensar no quanto a vida é curta e que não vale a pena fortalecer monstros que só se servirão para nos devorar.
Eu sei de tudo isso. E você também sabe.

Mas o que fazer quando, humanamente, o desejo e a razão não se unem ? Conseguiria eu admitir que sim, te perdoaria se eu pudesse reviver nossos belos momentos ? Mas e se eu pensasse por mais dois milésimos de segundos e me desse conta de que te perdoar não mudaria nada do que passou ou passa ? Você continuaria na sua vida e eu na minha e elas não mais se cruzariam novamente... Será que eu, criatura feita à imagem e semelhança divina, seria capaz de renunciar ao meu egoísmo e te manter preso a uma eterna culpa ? Mas, penso que se eu te libertar, nunca mais avistarei as suas asas. Como odeio ser da raça humana.
Se eu fosse um ser irracional, não haveria isso. Os conflitos seriam apenas relacionados à comida e dominação de território. Não haveria sentimentos e emoções no emaranhado do cotidiano. Acho que assim seria perfeito...
Se assim o fosse, já teríamos lutado até a morte ou exaustão, ou até que um tivesse pedido arrego e saísse choramingando pelos cantos. Mas depois disso, não mais pensaríamos nesse tema. Simplesmente eu iria para a minha matilha e você para a sua. Não haveria, repito, sentimentos que te impulsionassem a pedir-me desculpas e eu não teria que decidir se te perdôo ou não, se te liberto ou não de mim.
Conta a lenda que a vingança ou a falta de perdão é um veneno que se toma querendo que o outro morra. Não quero que você morra. Só quero que as coisas sejam diferentes... Eu não tenho nada que lhe desculpar. Você não tem de que pedir desculpas. Continuemos assim então ? Trocando de ruas e pistas, e vestindo óculos escuros para não precisar olharmo-nos nos olhos... Ou não.
Talvez devêssemos conversar. Sentar como pessoas civilizadas e humanas que somos, e conversar apenas. Eu te ouviria, você falaria. Eu diria “tudo bem” e sairíamos com as consciências tranqüilas e mais leves, quiçá.
Mas diga-me, conversar para quê? Eu não diria nada, choraria apenas como sempre faço. Bateria em você e desfiaria novamente todo aquele velho rosário que já rezamos por tantas vezes. E depois ? Depois, tudo seria natural. Você iria embora, encontraria a menina no outro lado da rua. Eu viria para a minha casa, odiando-me por ter te conhecido e ter permitido a sua presença e choraria por mais cinco noites seguidas.
Para você, a vida seguiria o curso normal. Ignorando-me.
Para mim, seria o reinicio do inferno. Tristeza por perceber mais uma vez que não se perde aquilo que não se tem...

Pergunto-me(lhe) então: não me interprete mal, não há rancor. Há apenas uma “não-vontade” de sair do meu lugar de acomodação e remexer em algo que já está embaixo do tapete. Será que você conseguiria me entender ?

6 comentários:

Anônimo disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Anônimo disse...

Ai amiga, tens o dom. Tanto de escrever quanto de ter aturado essa abominável criatura das trevas...hahaha
Bjos, by Rafa!

ricardooo disse...

gente.. de onde essas pessoas tiram essas ideias de anos depois quererem reaparecer!?
fala sério. arrasa com ele mesmo!

camila disse...

Elaine, só passei aqjui pra elogiar teu texto e pra vbc saber q eu estive aqui! hehe
E força sempre!!
beijão

Aline Caramori disse...

tudo bem, já comentei no outro, mas simplesmente ele teve vontade de ligar para que? se todo o estrago já tava feito, as lágrimas secadas.
Sem nexo. Não dá bola, ignore-o.
Beijos, escritora perfeitinha.

Elem disse...
Este comentário foi removido pelo autor.