terça-feira, 25 de maio de 2010

Esquetes

Hoje me peguei pensando em uma coisa muito tola...
Às vezes eu tenho a impressão de que vivo em um mundo imaginado. Não sei explicar, mas é como se nada do que acontece fosse de verdade... desde sempre me sinto assim. Como se eu vivesse em um filme, ou em uma novela, ou em um cartum, e que por isso mesmo eu já teria um final pronto – que eu ainda não sei quando virá, mas que tenho certeza que virá. E sendo assim, parece que eu não preciso me preocupar muito com ele, porque mais cedo ou mais tarde, o escritor da minha trama dirá “última semana” e de repente, como num passe de mágica, as coisas vão se encaixar como deveriam ser desde o princípio. Sabe novelas? Então, mais ou menos assim.

Não sei por que me sinto desta maneira, meio Lisbela – do filme Lisbela e o Prisioneiro – afinal, eu nem assisto à novela... Mas me parece exatamente isso... Sabe aquela personagem que passa a novela inteira correndo de um lado para outro, sem conseguir equilibrar todos os pratos no apoiador, mas que, no final das contas, encontra o grande amor da sua vida, arruma um emprego perfeito, fica rica e vive feliz para sempre? Então... é por aí. Mas aí, de repente, a realidade vem me dar um oizinho – como hoje por exemplo.

Eu estava divagando no carro. Pensando se eu devia ligar pro fulano e perguntar se realmente não vamos nos casar e ter filhos. Algo do tipo, “ow, dá uma olhadinha aí no nosso final e veja o que vai acontecer, porque dependendo do último capítulo do folhetim, eu vou ali viver um pouquinho”... Acredite, eu estava realmente pensando nessas coisas quando senti uma baforada no meu ombro e, quando me dei conta, a realidade estava ali ao meu lado, me encarando... E ela perguntou: “em que mundo mesmo você vive? Você acha que faz parte de algum desenho animado ou dramalhão mexicano? Alow,a vida tá acontecendo agora... é a sua vida... não tem roteiro pré-definido, pare de se iludir”. Olhei para ela e pensei no quanto a realidade pode ser cruel.

É incrível como esse sentimento é forte em mim. Se eu parar para pensar em todos os fatos da minha bela existência, parece que são esquetes, entende? Daquelas que vão acontecendo e se alternando com tanta rapidez que não nos damos conta do real valor de cada uma. Uma viagem, um amor, uma vida... Uma vez, uma diretora me disse que sou como um raio, como um trovão: eu passo, mexo com as pessoas e desapareço. Desapareço.

Esquetes. Rapidez. Animação. Fantasia. Palavras-chave.

Parece que estou sempre assistindo de camarote a uma peça, a um espetáculo, mas sem jamais me dar conta que a trama é real e que, vejam só, a atriz principal sou eu, aguardando ansiosa pelo final, não pelo fim, mas sim pelo desejo de ter as coisas em ordem... Pratos girando, agradeço ao público e me retiro, como se ao sair, pudesse pendurar as minhas vestes no camarim e me desfazer de um personagem. Mas não tem personagem. É vida real. Alguém pode, por gentileza, me lembrar disso?

3 comentários:

Rafaela disse...

Já assistiu "O Show de Truman"? Lembra do final?...hehehe
Bjos!

Elem disse...

Nunca assisti... :(

Rafaela disse...

É um bom filme, tem alguma relação com teu texto... Final surpreendente. Pra ti que é cinéfila, vale a pena!