terça-feira, 11 de agosto de 2009

Só as atendentes são felizes

Muitas vezes chega a ser irônico classificar uma mulher como independente. Porque se para muitas meninas esse é o grande sonho (tornar-se independente) para outras, simplesmente não houve escolhas. Sempre pensei nesse assunto, mas nunca cheguei a escrever nada sobre ele. Eis que estava eu em uma birosca, tomando um vinho com um amigo e esse bendito assunto surgiu. Conversamos um monte sobre isso e ele disse: "Elem, precisas escrever algo sobre isso!" Muito bem, vou tentar então.

Uma vez eu coloquei um mini-post aqui no blog que é perfeito para esse assunto. Vou refrescar-lhes a memória: "Todo mundo admira o pássaro que é livre. Mas alguém já parou pra questionar o quanto é custoso ser livre ? Tenho me perguntado se tem valido a pena pagar esse preço... "

Vez ou outra, ouço esse tipo de comentário: que sou uma mulher independente, segura de mim, pra frente, provocativa, etc, etc, etc... E sempre que recebo esse “elogio” fico me perguntando por que será que eu passo essa imagem. Já perdi as contas de quantas pessoas ficaram frustradas quando souberam que moro com os meus pais ou quando descobriram que eu não tomo pílulas (“Mas como ? Você é uma mulher tão independente!”). E é a mais pura verdade... Não sei porque ganhei esse rótulo e pra ser sincera, ainda não decidi se gosto dele ou não. Simplesmente convivo com ele. Ou aprendo a conviver.

A questão é: eu não quis ser assim. Por mim, eu estaria casada, com três filhos, trabalhando meio expediente e vivendo feliz cuidando da minha casa e da minha família. Por mim, todas as noites eu faria a janta da família e ficaria esperando meu marido chegar do trabalho sentadinha na sala assistindo a TV antes de pôr a mesa para comermos em paz e depois dormir. Na real, esse sempre foi o meu sonho. Mas as coisas não aconteceram dessa maneira. A vida foi me levando para outros caminhos, sabe-se lá Deus o porquê. Não, eu não escolhi a independência. Ela me escolheu. E ponto. Paciência.

Há poucos dias, tive uma crise muito estranha. Crise física mesmo. Uma dor que me fez sair do aeroporto de cadeira de rodas porque não aguentava nem ficar de pé. E agora descobri que tem algo errado com o meu ovário esquerdo. Ontem fui ao médico e fiquei pensando quando saí do consultório que isso deve ser falta de filho. Sim, porque os benditos “útero e cia” foram feitos para abrigar um serzinho, que no meu caso, não apareceu. O médico acha que deve ter sangue derramado lá por dentro e por isso tenho sentido tantas dores... Pra falar a verdade, eu não me preocupei com a dor em si. Me questionei sobre o fato de não ter parido, não ter gerado. E isso me deixou meio mal.... Entendem ? Sim, porque não foi uma escolha minha não ter filhos. Pelo contrário, eu queria ter uns três, mas... a coisa não deu certo. Pelo menos não até agora.

Voltando.

Para aqueles que não sabem, tenho uma teoria cretina que diz o seguinte: "apenas as atendentes de lanchonete são felizes". Não, nada contra às atendentes, pelo contrário.

Pensa comigo, a gente passa tanto tempo estudando, se preparando para um emprego melhor, para um salário melhor, para uma vida melhor que acabamos adiando as coisas mais triviais. Exemplos ? Vamos lá... "vou casar SÓ quando terminar a faculdade", "vou engravidar SÓ quando eu tiver estabilidade financeira", "vou ter uma casa na praia SÓ quando eu me aposentar" e por aí vai. Se você se identificou com alguma dessas frases, bem-vinda ao clube. O problema é que acabamos muitas vezes nos esquecendo que a vida se faz no agora. Te peguei, né ? Pois é... Encare os fatos... claro que é muito melhor conseguir determinadas coisas com a maturidade ou com a segurança de uma situação estabilizada, mas pensem bem... às vezes, se adia tanto que se perde de vista aquilo que era o sonho... E por que as atendentes entraram na teoria ? Você conhece alguma atendente de lanchonete que não seja casada e com filhos ? Então, nem eu. Ah, você não conhece nenhuma atendente ? Passe a reparar então quando for a alguma lanchonete... todas usam alianças e mesmo quando não usam, têm filhos. É só perguntar... pode acreditar, já fiz o teste... rs

E por que as considero felizes ? Porque vivem uma vida mais simples. Não tem essas neuras de mestrado, doutorado, ganhar cinco mil por mês, garantir uma aposentaria de vários mil reais por ano ... Elas simplesmente vão vivendo. A diferença é que quando elas chegam em casa tem uma família esperando por elas. Mesmo com todas as dificuldades pelas quais devem passar. Mas afinal de contas, vai dizer que as mulheres independentes também não têm dificuldades ? Claro que sim... E muitas vezes, a solidão é uma delas. Se não a pior.

Pois bem. Nunca desejei ser essa pessoa determinada, perfeccionista, independente e todos esses outros adjetivos. Sério. Sempre quis ser a Amélia, aquela que era "a mulher de verdade". Mas não rolou. Pelo menos não até agora (já disse isso antes... rs). E sinceramente, com o passar dos anos minha esperança de ainda o ser, diminui. Drasticamente.

E o mais engraçado é que tenho visto muitas mulheres hoje em dia adiando a gestação para os 35, 40 anos... Por escolha própria. E sempre que me deparo com alguma dessas mulheres, fico pensando: “será que foi realmente escolha dela ?” Não sei... Posso dizer por mim e no meu caso, como disse antes, não escolhi, fui escolhida. E deve haver alguma razão para isso, que eu sinceramente não sei qual é. Ainda não descobri. Mas que deve haver, deve.

Por isso, deixarei aqui o apelo. Se algum moçoilo aí quiser mudar o rumo da minha rota, estou aceitando dirigentes novos. Mas que seja alguém que seja homem o suficiente para encarar um “mulherão”, como dizia o Jabour. Garanto que sei bordar, lavar, passar e cozinhar (e olha que cozinho muito bem!). E claro, além desses itens de fábrica, você ainda receberá alguém que sabe administrar as contas, a casa, o trabalho e todas as responsabilidades de uma vida louca... Quer tentar ? rs Brincadeira, gente...

Pra fechar. Posso até ser isso aí que vocês falam, mas pra falar a verdade, não gosto desse termo. Ou pelo menos tenho uma série de ressalvas... Enfim, o recado era esse e espero ter alcançado o meu objetivo e mais do que isso, espero ter deixado o meu amigo feliz com o texto. No mais, pensem com carinho nas coisas que eu disse... a vida se faz no agora. Sempre.

Um grande beijo e uma boa semana!

13 comentários:

Anônimo disse...

adoreeeeeeeeeeeei!
"a vida é no hj"
ric

Vanessa Orth disse...

Esse é um assunto complicado, mas creio que toda Amélia também sonha em ser independente. Pensava em seguir esse rumo, estou no segundo ano do meu curso na faculdade,mas agora não quero casar antes dos 40, e quando casar vai ser com um cara uns 15 anos mais velho(isso se na hora resolver casar!). Família é tudo de bom, não penso em sair do colinho da mamãe tão cedo.
Vejo os dramas das Amélias, amam, cuidam, dão a vida, isso é louvável, mas nessas ultimas semanas escutei uma frase que mudou todo o meu conceito (que aliás, se comparava ao seu): "Nenhum homem é santo, casa e fica três anos numa lua de mel até que a mulher descobre que ele está transando com a garota que mora no apartamento da esquina!". E o mais curioso foi que escutei isso de um homem - casado!
Quanto ao fato de se ter filhos, minha mãe não casou, ela é mais feliz assim, em compensação amo muito ela e não existe amor maior do que entre mãe e filha! É uma opinião minha, um projeto meu, de não casar (caso só se valer muito a pena), mas ter dois filhos e quando chegar na casinha dos 50 ir com eles pra balada.
Bem, esse comentário tá meio comprido :P, acho lindo alguém ainda querer preservar os bons costumes de família completa, pode ser que um dia retome e vista essa camisa, gostei muito da postagem... Bjs e uma ótima semana!

Anônimo disse...

Ai amiga, to chorando aqui...hhehehehe. É Elaine, você resumiu bem o sentimento de muitos e não apenas das mulheres. Não queroser uma "Amélia", porque também tenho minhas vaidades, mas quero ser feliz por inteiro, não apenas profissionalmente.
Adorei,bjos e sucesso pra nós!
Rafaela!

Elem disse...

Vanessa,
eu já fui a Amélia um dia... e aconteceu isso aí que vc descreveu. A diferença é que não demorei três anos para descobrir... Foi nesse período que aconteceu a ruptura em mim e comecei a pensar em outras coisas que não mais o "dedicar-se integralmente à alguém" e descobri que eu tinha vida própria. Fui estudar, morar sozinha, viajar, conhecer pessoas e lugares diferentes... a questão é que de tanto "viajar", acho que esqueci como se volta... mesmo querendo muito, tenho dificuldades de encontrar o retorno. Se é que ele existe...
Um grande beijo e obrigada pela visita!
Adorei o seu comentário.

Rê disse...

Guria, mas é exatamente por isso q a gente acaba deixando os planos de formar família por último, justamente porque estudamos, estudamos e acabamos usando muito mais a razão para conduzir as situações da vida e também para fazermos escolhas... Por conveniência, achamos mil e um nomes para substituirmos o termo razão, logicamente p não parecermos tão frios assim... Ex: O "fulano" tem bom-senso, pois vai se formar antes de casar... São comentários como esse, que provam como damos importância suprema à razão. Talvez ela nos convença de que precisamos ser auto-suficientes o tempo todo e isso assuta outrem. Especialmente quando se trata de mulheres independentes, rsrs... Acho q a razão nos limita no que concerne a sensibilidade de enxergar beleza nas coisas mais simples e comuns desse mundo. Ora, antigamente era muito fácil constituir uma família... Hoje, encontrar uma pessoa que queira casar e ter filhos é quase como buscar uma agulha em um palheiro. Os anseios da nossa sociedade mudaram, mas acredito que nenhum sucesso na vida, vai compensar o fracasso de não ter ninguém para compartilhar a alegria de ser bem-sucedido (filhos/conjuge)... Com toda a certeza o mal deste nosso século é a solidão!
Elem, excelente o teu texto! Parabéns! Bjuuuuuu

717 disse...

Primeiro, ótimo texto (como a maioria rsrs)
Segundo...nao sei pq contar isso mas deu vontade: nao faz muito tempo q tive um sonho, eu estava em casa e meu pai chegou, pegou minha mao, e me girou como se estivesemos dançando e da minha casa fomos parar em um pátio com várias mesas, toalhas brancas, e uma decoraçao de casamento (eu, vestida de noiva) meu pai me abraçou e disse q eu seria para sempre "sua menina"
Pouco tempo depois me imaginei saindo de uma casinha com meu suposto marido e nós estavamos levando nosso filho pro colegio...

Nao é obrigatório ser feliz...infelizmente os contos de fadas criaram essa péssima definiçao de felicidade...por mais q um homem te faça bem, pense nos seus amigos, pais e na sua profissao... eles podem te satisfazer

Elem disse...

717,
Por isso que eu nunca vou ler contos de fadas para as minhas filhas... isso se eu as tiver, é claro! rsrsrs

P.S.: Como eu gostaria de saber quem és... rs

Anônimo disse...

O que dizer? Adoro essa tua teoria! Por mais bizarra que possa parecer, ela reflete a realidade! Embora, claro, tenha atendentes que talvez preferissem estar realizadas na carreira, no lugar de ter uma família formada!
Ai, ai...continuo na dúvida...qual o problema em querer os dois?
Lilica

Marcia disse...

Cara, adorei! Sou eu!(exceto pela busca pelo moçoilo). Me sinto sufocada às vezes, me pergunto pq comigo não aconteceu como com 5 dos meus 6 irmãos (ãs) que casaram cedo, tiveram filho, casa, cachorro etc. Outras vezes fico feliz pelas escolhas, enfim, vá entender.
Aliás, tenho pensado muito nisso ultimamente... Mas vamos ver no que dá e vou tentar seguir o conselho de não deixar pra depois.
Ah! A teoria da atendente é a melhor! hehehe!
Bjão, garota! Saudade de te ouvir pessoalmente.

Anônimo disse...

Pois é, pois é, pois é!!!rsss
Acho que encontrei algo de familiar nesse texto!
Viver o hoje, preciso aprender como fazer isso!!
Não preciso dizer nada, pois vc me conhece mt bem, né?
Bjo amiga!!!!

Sabrina
Saudadesss

Adriana disse...

Olá, Elaine!!!

Enquanto estava lendo o texto, pensava ela escreveu isso falando dela, mas me vi em vários momentos, principalmente no que vc fala deixar para quando me formar, quando estiver com um bom emprego, etc, etc.... eu programei tanto minha vida, o momento certo de ter filho e quando chegou o momento o filho não veio, o emprego estavel tbem não veio.
E hj estou eu aqui na África me perguntando, para que toda essa programação??? Nos últimos tempos eu aprendi que encontramos a felicidade, quando vivemos cada momento , cutimos cada minuto e não deixamos para ser feliz depois e sim AGORA.
Beijão amiga, em breve estarei ai com vcs novamente.

Unknown disse...

Texto digno de uma pessoa autentica e corajosa (age com o coração)...
o problema é que quem tem coração tem uma imensa capacidade de ser feliz mas tambem Infeliz.
Apesar de ser homem tambem padeço do mal de não ter constituido familia e as vezes dói, por isso me comeveu o seu texto por saber que ainda existem mulheres que sonham em ter um lar (familia)...
...pois é viver o hoje, vi isso numa entrevista com orlando Villas Boas, sobre seu convivio com os Indios onde ele percebe que ninguem esperava uma condição par aser feliz mas construia a felidade com os elementos que lhe eram dados, sem esperar se formar, ter dinheiro, emprego, enfim empurrar par o futuro o viver o hoje, daí que nunca vivemos o presente e não estamos presentes, por isso há tanta ausencia inclusive nos relacionamentos.
Os anos nos ensinam que nada melhor que uma boa conversa para sustentar uma relação e isso só é possivel com quem tem vida interior e sabe viver o hoje (estar presente), esse é o real significado de receber presentes em aniversarios, para lembrar que pra ser feliz é só estar presente; E eu gostaria muito de estar presente em sua vida.
Bjs
Marcelo Bastos
marcelobastos3@msn.com

LETICIA disse...

tô confusa!